Mas que sabemos nós de rios, afinal? Aqueles que descem de barco o rio
são engolidos pela Cidade
O mesmo acontece aos que o acompanham a passo, pelas margens
Não têm como lhe fugir...e fugir porquê?!
Existem cidades que emergem das águas
como que adormecidas à espera de quem as descubra
Noutras, os rios moldam-nas a seu gosto, abrindo as portas da cidade de par em par
Em algum ponto o viajante é convidado a percorrer as ruas,
e como que a sossega-lo, existe sempre um arco sobre as àguas, promessa da travessia para o outro lado. Os mais ansiosos só têm olhos para o lado de lá, talvez atraídos pelos edifícios que, em tempos idos, fizeram a prosperidade da Cidade, e pelas torres sineiras, implacaveis a marcar a passagem do Tempo.
Porém, do lado de cá existe cor, aroma e cheiros, vozes de crianças brincando
e janelas para o rio e para quem passa na rua, cá embaixo.
Pessoas circulam indecisas
talvez torturadas sabe-se lá de que culpa, ou desgosto, ou dalgum mal ruim. Ou nada disso, afinal: ociosas, deixando-se levar pelo correr da margem, ou agarrando o fundo das águas escuras com suas linhas e anzóis.
Porém, a Cidade atrai os incautos para becos
donde escaparão ou não, assim como para passagens sem saída e sem retorno
Iludidos por luxuriantes fantasias
promessas de acesso aos segredos mais desejados
mas donde nunca passarão para além dos pesados portões cerrados, ainda mais perdidos e desamparados.
Todos os rios vão dar ao mar...dizem
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